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  • Heloize Amaro

Aby Warburg e o Atlas Mnemosyne: a luta contra o caos

Atualizado: 13 de mai. de 2021


Aby Warburg, 1925. Fonte: Wikimedia Commons (2017)

No tempo de feeds, montagens, colagens e edições, o Atlas Mnemosyne (1927-1929) de Aby Warburg (1866-1929) continua a revelar a potência de pensar através de imagens, na busca diligente de seus laços mais ocultos. O atlas que faz referência a Mnemosyne, a titânide grega da memória (1), foi um projeto que chegou a reunir 70 painéis com mais de 1.300 ilustrações (2). Representa um inventário dos processos figurativos da cultura ocidental que percorre temas da Antiguidade e do Renascimento, contendo, ainda, referências do século XX (3). Em uma disposição inédita, o Atlas Mnemosyne de Warburg ganhou duas exposições na Alemanha em 2020, reiterando o destaque do pensamento e dos projetos de um dos maiores historiadores da arte e da cultura da virada do século XIX para o XX (4).


O centro berlinense de arte contemporânea, Haus der Kulturen der Welt (HKW), junto ao museu alemão Gemäldegalerie, abrigaram, no último semestre de 2020, exposições em homenagem ao Atlas Mnemosyne. Os eventos ganharam o formato de visitação virtual, através de um projeto colaborativo entre o The Warburg Institute (Instituto Warburg), Haus der Kulturen der Welt (HKW) e o Staatliche Museen zu Berlin (5).


A exposição no Haus der Kulturen der Welt, nomeada de “Aby Warburg: Bilderatlas Mnemosyne – The Original”, apresentou pela primeira vez, desde a morte de Warburg, 63 painéis do atlas com as reproduções fotográficas originais utilizadas pelo historiador durante a idealização do projeto (6). Com a curadoria de Roberto Ohrt e Axel Heil, foram coletadas cerca de 971 ilustrações do acervo do Instituto Warburg e, segundo a descrição do projeto no site, é a versão mais próxima do produto original deixado pelo estudioso (7). Já a exposição realizada no Gemäldegalerie, levou o nome de “Between Cosmos and Pathos: Berlin Works from Aby Warburg’s Mnemosyne Atlas” (Entre Cosmos e Pathos: Trabalhos de Berlim do Atlas Mnemosyne de Aby Warburg). Foi organizada por Jörg Völlnagel e Neville Rowley e exibiu uma coletânea de obras do acervo berlinense que foram selecionadas por Warburg como base para as reproduções fotográficas em vários de seus painéis (8).


Seu atlas é considerado um trabalho inacabado, a data de 1929, na realidade, faz referência ao falecimento do historiador (9). Segundo Claudia Wedepohl (10), arquivista do Instituto Warburg e integrante da equipe curatorial das exposições, o projeto pretendia ser um livro, entretanto existia uma árdua tarefa na contextualização entre diferentes temporalidades, genealogias e teorias histórico-artísticas que inviabilizaram a finalização.


Para o historiador que descreveu uma “luta contra o caos” (11), ao tratar de uma “história psicológica por imagens” (12), seu projeto é uma significativa herança que nos instiga a compilar fragmentos, memórias e a reorientar nosso caos em tempos de crise.


Felizmente podemos visitar as exposições online, através do site do Instituto Warburg:


Além disso, o HKW realizou uma série de vídeos em seu canal no Youtube, introduzindo tópicos centrais para a compreensão do projeto de Aby Warburg. Este pode ser visto aqui:





Referências

1 WARBURG, Aby. Mnemosyne: O atlas das imagens. Introdução. In: WARBURG, Aby. A presença do Antigo: escritos inéditos. Volume 1. Tradução e organização de Cássio Fernandes. Campinas: Editora da Unicamp, 2018. p. 217-229.

2 BREDEKAMP, Horst; DIERS, Michael. Prefácio à edição de estudos: 1998. In: WARBURG, Aby. A renovação da Antiguidade pagã: contribuições científico-culturais para a história do Renascimento europeu. Tradução de Markus Hediger. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013. p. xvii-xxxvii.

5 THE WARBURG INSTITUTE (London). Aby Warburg's Bilderatlas Mnemosyne in Berlin, Germany. 2020. Disponível em: https://warburg.sas.ac.uk/whats-on/mnemosyne-exhibition. Acesso em: 17 fev. 2021.


10 WEDEPOHL, Claudia. Curatorial board of the exhibition at HKW Berlin. Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NJR4Q25P7FY&feature=emb_title. Acesso em: 17 de fev. 2021. 7:54.



(1) Nota do tradutor brasileiro presente em: WARBURG, Aby. Mnemosyne. O Atlas das imagens. Introdução. In: WARBURG, Aby. A presença do Antigo: escritos inéditos. Vol. 1. Trad. e org. Cássio Fernandes. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 219.


(2) BREDEKAMP, Horst; DIERS, Michael. Prefácio à edição de estudos, 1998. In: WARBURG, Aby. A renovação da Antiguidade pagã. Trad. Markus Hediger. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013. p. xvii.


(3) Ibidem.


(4) Ibidem.


(5) THE WARBURG INSTITUTE (London). Aby Warburg's Bilderatlas Mnemosyne in Berlin, Germany. 2020. Disponível em: https://warburg.sas.ac.uk/whats-on/mnemosyne-exhibition. Acesso em: 17 fev. 2021.


(6) Ibidem.


(7) Ibidem.


(8) Ibidem.


(9) Nota do tradutor brasileiro presente em: WARBURG, Aby. Mnemosyne. O Atlas das imagens. Introdução. In: WARBURG, Aby. A presença do Antigo: escritos inéditos. Vol. 1. Trad. e org. Cássio Fernandes. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 219.


(10) WEDEPOHL, Claudia. Curatorial board of the exhibition at HKW Berlin. Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NJR4Q25P7FY&feature=emb_title Acesso em: 17 de fev. 2021. 7:54.


(11) WARBURG, Aby. Mnemosyne. O Atlas das imagens. Introdução. In: WARBURG, Aby. A presença do Antigo: escritos inéditos. Vol. 1. Trad. e org. Cássio Fernandes. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 219.


(12) Ibidem.

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